Há 20 anos, as acreditações de qualidade hospitalar começaram a ganhar força no Brasil e com elas a necessidade de implementar e gerenciar protocolos clínicos. Foram muitas barreiras vencidas para que hospitais conseguissem engajamento dos profissionais no gerenciamento dos protocolos.
Anos depois, professores da Harvard Business School trouxeram a seguinte reflexão:
“Um modelo de saúde baseado em valor não deve focar em protocolos, mas sim nos desfechos clínicos”.
E então fica a dúvida: protocolos são ou não são importantes em uma estratégia de saúde baseada em valor?
Dentro deste contexto, eles pontuam algumas justificativas para instituições de saúde não focarem tanto em protocolos clínicos:
O PRIMEIRO PONTO É QUE.. Ao longo dos anos, o esforço excessivo (e gasto com recursos) para a padronização e gerenciamento de protocolos , acabou fazendo com que gestores não gerenciassem as informações mais importantes, que efetivamente geram mais valor aos paciente, que são os resultados clínicos.
UM SEGUNDO PONTO é que muitas vezes o protocolo não é capaz de contemplar a grande variabilidade e complexidade existente no processo assistencial, especialmente quando a instituição não tem muito volume naquela condição de saúde. Nestes casos, a métrica do processo em si pode não se adequar a todos os casos, o que causa até uma resistência dos profissionais que estão na assistência quanto às métricas de qualidade.
UM TERCEIRO PONTO QUE FALA CONTRA O FOCO EXCESSIVO EM PROTOCOLOS CLÍNICOS é que Protocolos clínicos rígidos, podem inibir inovações que são ponto fundamental para a geração de valor. Em virtude de toda a padronização envolvida no planejamento e gerenciamento de protocolo, gasta-se muito tempo para fazer alterações, este acaba sendo um ponto que inibe inovações e diminui a velocidade de aprendizado.
Bom, então quer dizer que instituições que querem trabalhar com um modelo de saúde baseada em valor não devem aplicar protocolos clínicos?
Não, de forma nenhuma. O VBHC, que é o modelo focado em valor em saúde, preconiza o direcionamento de esforços para a mensuração e gerenciamento dos RESULTADOS que realmente importam para os pacientes. O papel de protocolos é de apoiar as mudanças necessárias para atingir estes resultados e não o objetivo final.
Depois de 10 anos atuando com gestão médica em hospitais, acredito que estes pontos fazem mesmo sentido. Vejo que a mensuração de desfechos clínicos traz um norte para toda equipe, assim fica mais fácil conseguir priorizar quais processos devem ser ajustados e quais inovações devem ser implementadas.
O segredo é saber equilibrar os 2 lados, mas nunca esquecer que o foco é saber entregar, os resultados que realmente importam para o paciente.
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